23 de maio de 2011

State of Warfare: Entrevista a Cerebral Pain


Cerebral Pain é um projecto encetado por Tiago Marques cuja sonoridade tem como base o Folk mas que busca influências tão dispares como o Rock, o Metal, música neoclássica e especialmente música de raiz tradicional portuguesa.

Este projecto marca presença no State of Warfare, o primeiro festival da Warfare Rádio com lugar no dia 11 de Junho e que Crónicas do Som Eterno se encontra a promover.

Conheça melhor este projecto pelas palavras do seu mentor. 


Como surgiu o projecto Cerebral Pain? Queres descrever sucintamente como tem sido o percurso do teu projecto?

Em primeiro lugar, quero saudar os leitores do Crónicas do Som Eterno. O meu nome é Tiago Marques, sou multi-instrumentalista e o actual mentor deste projecto.

Em Dezembro de 2007, apostei comigo próprio de que seria capaz de gravar um som no estilo Dark Ambient com o acordeão. Tentei, e na altura achei piada ao resultado, e gravei uma maquete com o nome "Black Harmony". É claro que, dada a evolução que tive durante estes 3 anos, o resultado inicial estava ridiculamente longe de se poder sequer considerar música, até porque as condições de gravação eram mínimas. No entanto, essas experiências foram necessárias para ganhar conhecimentos. 2008 foi um ano marcado pela progressão no acordeão, com muitos trabalhos lançados e, no entanto, muito pouca consistência musical - na verdade, já nem sequer tenho os resquícios de músicas desse longínquo tempo no meu computador, mas muita gente os tem, fruto da vontade de partilhar!

No início de 2009, decidi pegar noutros instrumentos, entre eles uma flauta doce e uma guitarra clássica, ambos os instrumentos já em muito mau estado de conservação, que ainda hoje utilizo. A incorporação de várias pistas na mesma música obrigou-me a imaginar a composição como um processo mais complexo, assim como começar a gravar a tempo, a corrigir certas falhas, e, basicamente, a conhecer de mais perto o mundo da edição e produção do som. Houve 3 registos discográficos nesse ano, com uma evolução gradual. Algumas das minhas melhores composições surgiram nesse ano.

Entrou 2010, e com ele entraram vários instrumentos novos: a guitarra eléctrica, o teclado e outras programações, e o bandolim.

2010 foi o ano da afirmação, primeiro com o "Espíritos", um álbum muito cru e gélido, muito próximo do conceito que imaginei para Cerebral Pain, e depois com "A Viagem", um álbum variado, com uma aproximação particularmente ecléctica, misturando electrónica, metal, folclore e momentos de jazz.

2011 foi o ano do microfone! Até "A Viagem", tudo tinha sido gravado com um vulgar microfone interno do computador. Desde então, decidi que não iria compor mais nenhuma música para este projecto, e concentrar-me apenas em tirar o máximo das minhas músicas até à data. Lancei uma amostra de uma regravação com o EP "Vida", ainda sem o microfone novo, em Fevereiro deste ano, e estou a trabalhar activamente numa compilação das melhores músicas, que será o epílogo desta jornada. Preparem os vossos ouvidos, não imaginam o que vos espera!

Iniciaste o projecto em 2008. Contudo já conta com um número de registos acima do que é habitual. Como explicas esta forte afluência de registos?

Não posso dizer que seja algo positivo. Evolui tão depressa que a única coisa que me apetecia depois de um lançamento era compor, compor, compor... Chegava a ter 20 a 30 composições depois de um lançamento. Este excesso de criatividade fez com que não me conseguisse focalizar no produto final, e, em consequência, distribui todos os meus trabalhos para download gratuito através da plataforma Jamendo. São, de facto, muitos lançamentos, mas apenas 3 deles têm qualidade para aparecer numa compilação com o melhor de Cerebral Pain. E uma coisa me apercebi: mais vale primar pela qualidade do que pela quantidade.

Foi extremamente complicado para mim definir quando é que se devia continuar a trabalhar em novas músicas, ou parar para melhorar o que já havia. Evoluí tanto que ainda hoje me espanto como é possível ter aprendido tanto em tão curto espaço de tempo, e ainda para mais sozinho. Coisas da vida!

Embora o denominador comum da música de Cerebral Pain seja o Folk, são notórias outras influências e diferentes abordagens. De que influências “bebes” tu? Como descreves o som de Cerebral Pain?

A minha maior influência é, indubitavelmente, a música portuguesa e as raízes culturais que me identificam como cidadão orgulhoso deste país. Posso citar artistas que marcaram a minha infância: Madredeus, Isabel Silvestre, Vitorino, Zeca Afonso, entre outros, mas o que me marcou mais foi a música de Carlos Paredes. Influenciou a minha visão de compor música de forma muito profunda.

Mais recentemente, ouvi trabalhos muito bem conseguidos de bandas como Dazkarieh, Uxu Kalhus, ou ainda Xícara, que impressionam na forma como misturam música tradicional portuguesa com outros mundos.

Bebo alguma coisa de música clássica, nomeadamente Bach, Paganini e Wagner.

No mundo do metal, menção para Burzum. Despertou-me para a abordagem minimalista do multi-instrumentalismo, e foi isso que me fez aprender a guitarra.

Já na electrónica, sou um enormíssimo fã de The Future Sound Of London. Influenciaram a minha juventude e continuam a despertar a minha curiosidade pelo lado menos orgânico da música.

Esta abrangência que se encontra na tua música pode-se também explicar pela diversidade de instrumentos que tu tocas. Quais são esses instrumentos?

Os instrumentos são, por ordem cronológica de inserção: Acordeão, Flauta, Guitarra Clássica, Guitarra Eléctrica, Bandolim, Cavaquinho.

Apesar de este ser um projecto teu contas com colaborações para as tuas actuações ao vivo. Quem são essas colaborações?

Após um convite que me fora efectuado pela Berkana, para actuar no passado dia 7 de Maio em Aveiro, decidi contactar inicialmente duas pessoas muito próximas, o Pedro (teclista) e o Marco (baterista), que aceitaram de imediato. Posteriormente, contactei o Vítor (guitarrista) quase como a última oportunidade de ter um guitarrista a tempo de actuar, e a resposta foi positiva!

O Pedro tem no currículo uma passagem pelos Painted Black (Doom metal), trazendo uma clara influência experimental ao conjunto, e o Vítor tem um projecto intitulado Catarse (Post-Rock), trazendo o Rock para a mistura. O Marco não tem experiência neste aspecto, mas é um músico fenomenal, que rapidamente se desenvolveu como baterista.

O incrível nesta história, é que foram precisos 3 anos e meio para finalmente encontrar músicos que partilhem o mesmo gosto e entusiasmo pelo experimentalismo e pelas raízes tradicionais, num momento em que inclusive tinha decidido mudar o nome a este projecto.

No que toca aos eventos. Segue-se no dia 11 do próximo mês o State of Warfare, festival de Warfare Radio, onde participas. Que perspectivas tens para este evento?

Vai ser bom tocar numa casa onde fui sempre espectador. Estamos ansiosos por poder observar o público do lado oposto!

Apesar de tocarmos com 3 bandas de Black Metal, e como membro da organização, entendemos que Cerebral Pain encaixa bem na temática do festival, trazendo uma visão diferente do que pode ser a música, a pessoas com ouvidos pré-formatados. Não sabemos qual vai ser a recepção ao nosso som, mas uma coisa é certa: a festa será garantida!

Em relação ao teu futuro e de Cerebral Pain o que perspectivas?

O meu futuro passará por exercer a profissão de economista! Agora a falar a sério, tomei a decisão, juntamente com os restantes membros, de que Cerebral Pain deixaria de existir após a actuação no State of Warfare de dia 11 de Junho. Todos os nomes de bandas têm um significado que pode desaparecer, ou com as mudanças de membros, ou com a evolução, ou simplesmente porque o nome escolhido inicialmente era infantil, ou porque nada tem a ver com o estilo de música. No fundo, é uma conjugação destas razões, às quais se acrescenta a vontade de compor, ensaiar, e trabalhar como um grupo de várias personalidades, cada uma trazendo as suas ideias e influências!


Ultimas palavras para os nossos leitores?

Muito obrigado pela paciência, ler estes 3 anos e tal do meu dia-a-dia condensados é obra! Não hesitem em contactar-nos (ou ouvir-nos), através dos seguintes meios:


www.myspace.com/cerebralpain

http://www.facebook.com/pages/Cerebral-Pain/110863868939168?ref=ts

Email: cerebral_pain@hotmail.com

Ainda não sabemos qual será o nome do futuro projecto, mas posso adiantar que tocará as composições actuais de Cerebral Pain - isto, claro está, até surgirem músicas novas!

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