2 de fevereiro de 2011

Tarantula: A idade dourada


São autores de um dos melhores trabalhos de 2010 um dos grandes nomes (para muitos a maior referência) do metal nacional. O trabalho intitula-se por "Spiral of Fear" e a banda em questão não é menos que os emblemáticos Tarantula.

O vocalista Jorge Marques cedeu-nos gentilmente algumas palavras que ajudam a "dissecar" o novo trabalho da banda.


“Spiral of Fear” marca uma série de regressos. O regresso às gravações nos Rec'n'Roll, o regresso à produção de Luís Barros e o regresso a uma edição com selo português. Esta série de coincidências foram pensadas previamente ou resultaram de alguma série de factores? Como surgiram? Ainda em relação à editora. O facto de o Paulo ter editado o seu último trabalho a solo pela Gluetone teve alguma influência na vossa opção?

Sim, de facto este disco pode ser visto como um regresso às origens, isto é, foi concebido na totalidade em Portugal, se bem que no "Metalmorphosis" tenha sido quase tudo gravado nos Rec'n'Roll com o Luís a controlar todo o processo excepto a bateria e as guitarras ritmo que foram gravadas nos Area 51 Recording Studios na Alemanha.

A verdade é que não foi nada premeditado, aconteceu essencialmente pela coincidência de alguns factores como o fim do contrato com a editora AFM, o surgimento da Gluetone e todo o excelente trabalho desempenhado pela mesma com o último álbum do Paulo Barros.

Uma editora nova, composta por pessoas que já conhecemos há bastante tempo e com quem trabalhamos regularmente, mais importante ainda, uma editora que está mais perto da banda o me parece ser fundamental.

Sabe-se que o disco está disponível nas Fnac e através da loja online da editora. Além destes meios, onde é possível adquirir o “Spiral of Fear”? E além fronteiras como está/vai ser feita a distribuição do disco?

Bem, nesta fase inicial o disco foi entregue nas Fnac.

Creio que brevemente chegará a outros locais de venda, sendo que, entretanto, a distribuição além fronteiras está a ser negociada.

Sabe-se que além da edição actual em CD vai haver uma edição em vinil que contará com um tema extra. Porquê a opção por esse formato? Queres levantar-nos mais um pouco do “véu” sobre essa edição?

A editora tem algumas ideias em mente, esta é apenas uma delas, editar este álbum em vinil com um tema extra ainda por definir.

A razão é simples, sabe-se que há muita gente que se ainda se interessa pelo vinil, o que significa que o culto se mantém, como ainda há muita procura por este formato parece-me lógica esta opção.

Se o vosso disco anterior, “Metalmorphosis” já tinha surpreendido pelo ligeiro “retoque” a nível de sonoridade, “Spiral of Fear” resulta numa confirmação da capacidade de renovação da banda.
Mantendo a identidade melódica própria de Tarantula, o som de “Spiral of Fear” demonstra maior densidade e uma linha rítmica mais agressiva. Existe por parte das bandas a velha máxima de que o disco é fruto da inspiração do momento. É 
aceitável afirmar que houve da vossa parte uma preocupação em apresentar um som renovado e mais pesado?

Desde o início de todo o processo de composição passando pelos arranjos, culminando na produção feita pelo Luís, houve a preocupação de fazer algo mais actual sem esquecer obviamente o que temos feito até agora, aliás, creio que no álbum anterior já havia essa tendência de fazer algo sem um “rótulo musical”
evidente e creio que isso é transversal a todos os elementos da banda, fazer algo de diferente mas sem descaracterizar a nossa identidade.

O facto da sonoridade ser mais densa do que é habitual não é senão um reflexo lógico dessa vontade que continuamos a ter de renovar e nesse sentido, sinceramente, estamos satisfeitos com o resultado.

“Spiral of Fear” apresenta uma temática bem real e contemporânea. O disco começa num tom crítico e termina sob a égide da esperança. Com qual dos estados os elementos dos Tarantula se
identificam mais?


São estados de espírito diferentes e que fazem parte da mesma realidade. Este álbum, não sendo propriamente conceptual, tem como denominador comum o sentimento de insegurança, de medo, mas também de esperança. Desde o alerta inicial em "Dark Age", passando pelos temas "Spiral of Fear"
e "vultures" que estão relacionados com a forma agressiva e descontrolada com que o homem está a tratar o planeta culminando na música "Hope", quase que a simbolizar a calmaria após a tempestade, houve de facto uma preocupação em deixar uma mensagem de esperança, nunca é demais abordar temas que transmitam algo de positivo.

Nestes conturbados dias em que vivemos, o medo não é senão o resultado da incerteza e da forma catastrófica com que o ser humano lida com o seu semelhante e com o planeta.

Por outro lado há também uma alusão à religião, à forma fundamentalista com que cada uma se tenta sobrepor à outra, tendo como resultado o ódio, a divisão a guerra...enfim.

Se por um lado em tempos obscuros e de medo a fé deve unir e congregar as pessoas, ironicamente acaba por ser ela mesma a causa de tanto ódio que as divide.

Em relação ao vídeo alusivo a “Dark Age”. Sabe-se que é uma produção interna. Mas onde decorreu a sua gravação? Contaram com alguma colaboração exterior à banda?

O vídeo foi gravado no coliseu do Porto e contou com a preciosa ajuda de um grupo de pessoas especializadas na área áudio-visual.

Em relação a concertos. Como vai ser feita a promoção ao vivo de “Spiral of Fear”? A banda tem prevista alguma digressão ou estão dependentes dos convites que surjam?

A verdade é que estamos ainda em fase de estudo em relação à apresentação do disco estando também receptivos a eventuais propostas que possam surgir.

Os Tarantula comemoram este ano 30 anos de carreira. Que balanço fazem da mesma? Preparam alguma novidade especial alusiva à data?

Acho que o balanço só pode ser positivo.

Uma banda que andou parte do seu tempo a remar contra a maré, resistindo e sobrevivendo às mais diversas fases, que após todos estes anos continua a fazer música com o mesmo prazer de sempre, a ter a mesma frescura e a mesma atitude, creio que é motivo de grande satisfação, penso que isso é algo que tem um valor imenso para qualquer artista.

Temos já algumas ideias concretas em relação a este ano especial. Assim que for oportuno serão anunciadas no nosso site.

Atendendo ao vosso percurso musical, ora no seio da banda ou individualmente, como se revêem no actual panorama Hard'n'Heavy português? Acreditam que este meio tem estruturas para crescer?

Bem, no que diz respeito à forma como nos revemos no panorama actual é a mesma de sempre. Continuamos a ser uma banda que se preocupa apenas em fazer música, a que mais gostamos de fazer.

Tentamos adaptar-nos renovando ao longo do tempo de forma coerente independentemente das tendências inerentes a cada momento.

Actualmente existem outros meios de divulgação, há um número crescente de bandas e de eventos, sinais evidentes de algum crescimento, o que é de salutar. Este é um meio musical muito específico, é necessário haver continuidade, apoiar as bandas nacionais continua a ser fundamental.

Em relação ao Jorge. Além do teu percurso como músico és reconhecido pelas tuas capacidades como pintor. Como se encontra actualmente a tua carreira nesta área? Pode-se dizer que tens um público tipo? Se sim, como o identificas? Algum desse público vem dos seguidores da tua carreira musical?

Jorge Marques
Em relação às artes plásticas, tenho feito um percurso bastante positivo e gratificante.

De facto, sinto-me um privilegiado, poder partilhar a minha obra e sentir todo este fantástico feedback por parte de um público diversificado e exigente.

Actualmente estou a preparar 2 exposições. A primeira irá realizar-se no dia 26 de Fevereiro, estando patente ao público até 27 de Março e uma outra em princípio em Abril, de qualquer forma anunciarei no meu blog e também no facebook assim que tiver novidades.

É obvio que algumas pessoas já conheciam o meu trabalho, nomeadamente com as capas de alguns álbuns dos Tarantula e não só, assim como muita gente só me via como pintor e desconhecia o meu percurso com os Tarantula.

Tem sido engraçado, com o tempo as pessoas vão descobrindo a minha faceta musical, até porque parte das minhas obras fazem alusão à música e acaba por ser inevitável a aproximação destas duas vertentes.

Últimas palavras para os nossos leitores e vossos fãs....

Desejo um bom ano para todos os leitores das “Crónicas Do Som Eterno” em especial para os nossos fãs.
Espero que este álbum seja do vosso agrado, desejando vê-los nos nossos concertos e que continuem a apoiar as bandas nacionais.

Um Abraço!!!


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